quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Movimentos Ambientalistas

É cada vez maior a preocupação com as questões socioambientais da Amazônia, já que o a região possui a maior floresta tropical do planeta. Em vista disto, um estudo de abrangência nacional busca levantar dados sobre lutas e reivindicações com o caráter ambiental na Amazônia.

A pesquisa é uma parceria da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Universidade Federal do Pará (UFPA) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e tem por nome "Atores e Trajetórias Socioambientais na Amazônia Brasileira". O estudo observa desde 1998 a influência das grandes personagens dos movimentos na perpetuação da luta de caráter ambientalista e de que forma essas manifestações de proteção ao meio ambiente repercutem internacionalmente. Além disto, procura demonstrar as relações existentes entre os grupos socais locais, as práticas produtivas e a conservação ambiental.

O professor Horácio Antunes do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Maranhão participa da pesquisa analisando os temas referentes ao estado do Acre. A questão dos seringueiros, ribeirinhos (praticantes de pesca, agricultura e extrativismo) e da atuação de ONG's junto a essas populações são sua preocupação primordial. O professor afirma que as práticas realizadas por tais grupos são pouco predatórias e conseguem aumentar a biodiversidade florestal através do nomadismo, que promove a movimentação de diferentes espécies de um local a outro. "O homem não é um ser dissociado da natureza e estas constatações vêm contestar a concepção vigente de que a natureza intocada deve ser preservada", analisa Horácio, ao advertir que o desequilíbrio ambiental surge somente a partir da Revolução Industrial, quando o homem passa a utilizar a natureza de maneira predatória e divergente de si.


A partir da manifestação desses grupos contra a invasão da área pela atividade industrial, o seu ideal foi conhecido mundialmente, de acordo com Horácio. "Os habitantes da região amazônica, que sobrevivem do extrativismo, reagiram à 'limpeza da área' para o desenvolvimento da indústria. O movimento, então, passa a ser conhecido nacionalmente e há uma aproximação da população com os estudiosos ambientalistas, que passam a apoiar o movimento destes grupos", conta. Segundo o professor, tais grupos não vêem uma cisão entre homem e natureza, mas uma continuidade.


Horácio ainda lembra que os movimentos ambientalistas brasileiros têm grande visibilidade internacional e que através deles surgiu a concepção legal de reserva extrativista. "O país todo ainda sofre a ressonância do pensamento de Chico Mendes, líder dos seringueiros da região amazônica na década de 1980. Apesar disto, ainda existem muitas ameaças sociais e ambientais na área, fazendo com que as lutas ambientais ainda sejam indispensáveis", diz.


Atualmente o Brasil possui 48 reservas extrativistas, das quais cinco pertencem ao Maranhão, e cerca de 96 pedidos de criação de novas reservas estão em processo de análise pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Fonte: www.badaueonline.com.br/2008/7/1/Pagina32556.htm

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